Apocalipse 14
No estudo anterior, dedicado aos capítulos 12 e 13, vimos as forças do mal procurando em vão, destruir a mulher vestida do sol, que representa Israel, como o povo pelo qual o Messias veio à luz. Vimos também essas forças tentando destruir Cristo e os crentes, os filhos dessa mulher. As duas armas usadas por Satanás são a primeira e a segunda bestas. No capítulo 14, ora estudado, Deus se contrapõe à Satanás ao colocar em ação duas armas de ataque contra as forças do mal, que são o Cordeiro (Cristo) e a foice (o juízo divino). Antes de relatar a batalha, que ainda não acontece nesse capítulo 14, o Apóstolo João se vale deste trecho para trazer algumas certezas e advertências sobre o que há de ocorrer. Vejamos quais são elas:
Há uma Ligação dos Remidos com as Hostes Celestiais (14:1-5)
Aqui encontramos o Cordeiro, em pé sobre o monte Sião, juntamente com os 144.000 remidos de Deus sobre a terra. Como visto em outra oportunidade, estes 144.000 significam todos os remidos e não apenas um número limitado de salvos. Estes têm em suas frontes o seu nome e o nome do Pai, em contraste com os adoradores das forças do Mal que haviam recebido na fronte a marca da besta. A principal mensagem aqui é que os remidos na terra, em meio às suas tribulações, podem ter comunhão com o Céu. Há um cântico celestial de vitória cujo significado somente é conhecido dos remidos, que estão juntos ao Cordeiro. Os remidos têm esse privilégio devido à sua fidelidade ao Cordeiro. A expressão "não se contaminaram com mulheres" significa que esses remidos não cometeram infidelidade espiritual através do culto idólatra. É importante assinalar que, nesta visão, o Cordeiro está sobre a terra com seu povo, o qual está firmemente seguro no monte Sião. Se estiverem com o Cordeiro, os cristãos estarão mais do que vencedores.
O Evangelho é Universal e Transcende o Tempo (14:6-7)
Este trecho nos traz duas mensagens. O Apóstolo João vê um anjo voando e proclamando a eternidade do Evangelho, o qual é entregue a cada nação, tribo, língua e povo.
A Mensagem do Evangelho não pode ser silenciada: Comprovando esta afirmação inequívoca da visão do Apóstolo, a História tem demonstrado que não há conflito sobre a terra que tenha conseguido silenciar a proclamação do Evangelho de forma definitiva.
O Evangelho é Para Todos: A segunda mensagem que daqui se pode extrair, é que todos as pessoas podem ser salvas, enquanto durar o tempo propício. Antes do fim, há sempre oportunidades para alguém se voltar para Deus. O Evangelho de Cristo Jesus assegura que todo aquele que Nele crer, não perecerá, mas terá a vida eterna (João 3:16).
A Queda de Roma é Inevitável (14:8)
Em seqüência, um outro anjo proclama a queda da Babilônia, "que tem dado a beber a todas as nações do vinho da fúria da sua prostituição". Babilônia aqui simboliza o império romano. Sua "prostituição" se refere simbolicamente à idolatria imposta pelo Império, através da prática de considerar seus imperadores como divinos. Efetivamente esta profecia, relativa à queda do império romano, foi cumprida. Ele não mais existe.
A Ruína dos que Adoram a Besta (14:9-12)
A quarta verdade que aprendemos neste trecho é que aqueles que adorarem a besta e não se arrependerem de seus pecados, estarão condenados à ruína e ao sofrimento.
Os que Morrerem no Senhor recebem o "Galardão". (14:13)
"Bem-aventurados os mortos que desde agora morrem no Senhor". Estas são palavras de encorajamento e consolo dirigidas aqueles que enfrentavam sofrimento e morte, ou que haviam perdido entes queridos e amigos na perseguição movida pelo imperador romano. A parte final do versículo afirma ainda que as obras dos que morrem no Senhor os "acompanham". Isto significa que as obras feitas pelo crente, em nome do Senhor Jesus, tornam-se parte da vida dos que a praticam, com resultados que transcendem a sua vida física. Aqui surge o conceito de "galardão", ou prêmio pelas obras realizadas. O galardão não é para se obter a salvação pois esta é obtida pela fé em Jesus. O galardão é o reconhecimento das obras realizadas pelo crente. Em uma comparação simplista, alcançar (receber) a Salvação, é como ter sido aprovado ao final de um curso enquanto que o galardão, seria a menção honrosa, o prêmio pelas boas notas conseguidas.
Deus Exerce a Sua Justiça (14:14-20)
Vimos neste estudo que uma das duas armas usadas por Deus contra as forças do mal, é o Cordeiro. A segunda arma, é a Sua justiça, representada simbolicamente pela foice. É com a foice que o agricultor separa o joio do trigo. De relance, João vê o processo da ceifa, quando o Filho do Homem, o Senhor da ceara, "passa a sua foice sobre a terra", separando os justos dos ímpios. Há comentaristas que vêem aqui a predição que Cristo fez quanto à Sua segunda vinda, relatada em Marcos 13:26. A visão faz lembrar também a parábola do joio, descrita em Mateus 13:37-43. Um ponto a considerar é que se esta passagem se refere à segunda vinda de Cristo, ela não menciona a data. Ela antes afirma que Cristo virá julgar os homens, mas sem especificar em que tempo. Ao final da cena, um anjo, equipado também com uma foice, "junta os cachos da videira da terra" e os atira no lagar da "cólera de Deus". Os cachos de uva são pisados no lagar, mas em vez de suco da uva, obtém-se sangue, até a altura dos freios dos cavalos. Este é o retrato simbólico do transbordamento da ira de Deus dirigida aqueles que negam a Sua soberania e recusam a Sua Salvação.
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